Amantes da História

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21 de janeiro de 2011

2010, este ano deu o que falar...

Mais uma vez encerramos um ano letivo, e pelo resultado dos trabalhos, muito bem  vivido, diga-se de passagem. Muitos foram os projetos vivenciados, muitos foram os desafios e dificuldades superadas. Quando se desafia os estudantes da EREM de Itaparica, pode se preparar porque a resposta vem da melhor forma possível, ou porque não dizer de melhor qualidade. O ano de 2010 foi de puro desafio: uma escola com uma nova estrutura -  INTEGRAL – total. Integral na sua totalidade? Ou seria Total na sua integralidade? Quanta confusão nas nossas cabeças imagine o conflito na cabeça de jovens e adolescentes em fase de afirmação de identidade, de crises de personalidade, de crescimento pessoal! Fechamos 2010 com chave de ouro, com a participação da nossa comunidade aplaudindo nossos meninos na melhor amostra de filmes que Jatobá já presenciou. Meninos e meninas do 1º ano, que outrora chegaram na escola amedrontados com tantas novidades. Seriam eles os MENINOS PEQUENOS, invisíveis para os outros, mas que demonstram tanta pureza e carinho como aquele menino de Rachel de Queiroz sentia pela rosa que segurava em suas mãos? 
Nós vimos e sentimos na pele que esses jovens e adolescentes, além da pureza têm a força da resiliência de homens e mulheres que procuram sobreviver numa situação de fome e miséria que assola milhares de famílias neste caos que a SECA proporciona. 


SECA: uma produção do 1º Ano A

Porém, em alguns momentos esses MENINOS E MENINAS MORREM DUAS VEZES  pelo desencanto, pela desmotivação e dificuldades que encontram ou encontrarão nos seus caminhos. 

Mas a nossa missão, professores da EREM, guiados pelo AMOR, é fazer com que vocês matem o desânimo, assassine o desencanto e use a arma da possibilidade, da competência e de suas habilidades para superar  dificuldades e galgar a escada do sucesso. 

Esse é o CRIME PERFEITO.


Palavra que melhor expressa 2010: ORGULHO
O que esperamos de 2011: SUCESSO



28 de julho de 2010

Viver é uma GRAÇA!

Durante décadas, nós mulheres, lutamos por igualdade de direitos e por um espaço numa sociedade historicamente machista. Mostramos que nós somos em maior número nas universidades, que temos mais tempo de escolaridade do que os homens. Por esses e tantos outros motivos conquistamos o respeitos de homens e mulheres neste Brasil tão desigual. Reivindicamos e conquistamos uma lei que nos ampara e nos protege contra atos de violência. Infelizmente não conseguimos acabar com a taxa de homicídos praticados por maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados e/ou ex-companheiros. Ganhamos o mercado de trabalho e nos tornamos chefes de família. Aproximadamente 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres.


É! Nossa história sempre foi de luta e de conquistas, que devem ser celebradas a cada minuto. Pois não é muito fácil ser MULHER no Brasil. E quando, nossa luta parece ter alcançado nossos objetivos, o destino nos apresenta mais um desafio: o câncer de mama. Mundo cruel, podemos dizer. Será que sempre seremos testadas? Nossa capacidade de superação estará sempre à prova? Qual será nossa atitude em frente ao maior desafio, a luta pela vida?

Aqui no Brasil, esse tipo de câncer é o que mais mata mulheres. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer, em 2008, foram registrados 49.400 novos casos da doença no País. Mundialmente, é a forma mais comum de câncer em mulheres - afetando, em algum momento de suas vidas, aproximadamente uma em cada nove a uma em cada treze mulheres que atingem os noventa anos no mundo ocidental. É a segunda maior causa fatal de câncer em mulheres (depois do câncer de pulmão).

O câncer é uma doença silenciosa, não apresenta dor, não lhe avisa que está dentro de você. Por isso se torna fatal. A forma mais simples e que ajuda a prevenir ou detectar o aparecimento de nódulos na mama é o fazer o auto-exame, é o toque.

O toque proporciona o conhecimento do seu corpo e pode identificar qualquer alteração que sua pele, sua mama possa apresentar. É necessário que toda mulher tenha a prática do toque com frequência porque o câncer de mama pode apresentar diversos sintomas como aparecimento de nódulo ou endurecimento da mama ou embaixo do braço; mudança no tamanho ou no formato da mama; alteração na coloração ou na sensibilidade da pele da mama ou da aréola; secreção contínua por um dos ductos; retração da pele da mama ou do mamilo; inchaço significativo ou distorção da pele e ou mucosas.

Além da luta pela vida, está em jogo também os valores que cada uma traz de si, pois o câncer de mama favorece o surgimento de muitas questões na vida das mulheres, como implicações sociais, psicológicas e sexuais. A mama, para nós mulheres, simboliza não só o aspecto erótico, sensual, estético, ela simboliza a vida pois alimentamos nossos filhos, amamentamos.

Neste momento de nossas vidas, das tantas mulheres que já tiveram câncer de mama e conseguiram a cura, das tantas mulheres que lutam contra esse mal, e de tantas outras mulheres que poderão contrair essa doença, deixo uma mensagem: DÁ PRA CURAR. Como não é uma doença que se transmite — e sim se desenvolve —, a forma mais eficaz de curá-la é pelo diagnóstico precoce, quando a doença ainda está bem delimitada e pode ser tratada com mais eficácia. Ele é feito por uma série de exames clínicos e de imagem. Quanto mais precocemente a doença for detectada, maiores serão as chances de cura, com menos sequelas físicas e psicológicas.

Hoje, mais do que nunca percebemos que não dá para pensar nisso só uma vez por ano.

Deixo aqui meu abraço, meu apoio a todas a campanhas sobre o câncer de mama e a Professora Graça, porque na luta contra o câncer de mama, a vida é uma GRAÇA!

Vamos Celebrar a Vida!

19 de julho de 2010

O Século das Luzes e o Renascimento das Artes

O Século das Luzes foi marcado, na Europa, pelo aumento da produção agrícola, pela urbanização acelerada, pela invenção da máquina a vapor e da locomotiva e pela Revolução Francesa. No entanto, apesar dos avanças tecnológicos e das mudanças operadas na estrutura econômica e na vida artística,


As novas idéias não surgiram do nada, nem por acaso. Boa parte delas fora legada pelos grandes pensadores dos séculos XVI e XVII, que, na realidade, tinham dado os primeiros passos no sentido de "modernizar" o pensamento europeu. Um desses luminares foi René Descartes (1596-1650), cujo pensamento opunha a evidência da razão ao jugo das tradições ou da autoridade. Outras influências importantes foram Francis Bacon (1561-1626) e John Locke (1632-1704). Partidários do Empirismo, ambos sustentavam que a experiência sensível estava na origem do pensamento, não sendo possível o aparecimento de nenhuma idéia no intelecto sem que antes houvesse surgido no campo dos sentidos. E foram as regras de investigação científica explicitadas nos trabalhos de Isaac Newton (1642-1727) que serviram de elemento de ligação entre o Empirismo (rigorosa experimentação) e o pensamento do século XVIII. Sem dúvida, havia elementos comuns nas obras de pensadores como Newton, Descartes e Locke, de um lado, e o Iluminismo, de outro. Entre eles a recusa a qualquer idéia preconcebida ou crença ditada por alguma autoridade (religiosa, política ou filosófica) e a irrestrita confiança desses "pioneiros" da modernidade na força da razão e na eficácia do método científico.

No século XVIII a Europa era um formigueiro de idéias e inovações. O progresso atingia todos os setores: arte, ciência, técnica, pensamento. Na verdade, estava em curso uma "revolução do espírito", como dizia Voltaire. Para que essa "revolução" seja entendia, porém, é importante lembrar o entusiasmo e a extraordinária abertura de novos horizontes que o progresso suscitou. O mundo se dilatava. A descoberta a Austrália ampliou o mapa-múndi. A audácia do engenho humano não conhecia limites. O norte-americano Robert Fulton (1765-1815) construiu um barco que, embora sem remos ou vela, se movia mesmo contra a corrente: era um navio a vapor. Enquanto isso, os irmãos Montgolfier, com os seus balões de ar quente, alçavam-se às alturas abrindo caminho para a conquista do espaço. Enfim, tudo parecia ser alimentado pelo movimento. Os ilusionistas nada mais fizeram senão aplicar os princípios e métodos que tinham dado tão bons resultados na ciência e na técnica a outros campos do saber: filosofia, economia, política. E foi então que, a partir dessa prodigiosa "revolução cultural", começaram a germinar as sementes de muitas outras revoluções, que alterariam definitivamente, antes do final do século XVIII, a face da Europa.

Da mesma forma, toda obra de arte teria um mesmo significado para seus apreciadores e quanto mais se deixasse revelar, seria melhor. Isso era o ideal de beleza desses homens. Era o início da consolidação da estética como nova disciplina filosófica. Já que o século das luzes tem a glória incomparável de ter unido obra crítica à obra criadora, então a estética também veio acompanhada de uma nova forma de criação artísitica.

No Renascimento, as características principais das pinturas foram a triangulação, simetria e perspectiva. O triângulo, formado por três linhas imaginárias servia de guia para introdução dos elementos da imagem. No topo do triângulo encontra-se sempre o centro de interesse, o elemento mais importante do conteúdo. Nos vértices são colocados os elementos complementares como base de sustentação para o elemento principal. Geralmente, nos quadros desta escola, ao prolongarmos as linhas das perspectivas, elas sempre convergem para o centro de interesse.

Na obra "A Ceia" de Leonardo da Vinci observamos que a composição básica é formada por uma grande linha horizontal tendo ao meio a figura de Cristo que marca o eixo vertical. A triangulação formada em Cristo tem Sua cabeça como centro. O prolongamento de todas as linhas das perspectivas das paredes se cruzam num ponto de fuga que não outro senão a própria cabeça de Cristo. A simetria tem como centro de interesse o corpo de Cristo. A luz já aparece como elemento central neste quadro com a função de chamar a atenção do centro de interesse: está ao fundo, como uma moldura clara onde Cristo aparece com muito bom contraste. É uma primeira demonstração do aspecto iluminação como fortalecedor do centro de interesse. O Renascimento ainda não trabalhava sombra e luz, mas claros e escuros. Daí a importância que adquiriu os claros e escuros nas obras de Leonardo da Vinci.


Mais um exemplo, dentro das características do Renascimento é o quadro "A Libertação de São Pedro" uma das mais importantes obras de Rafael, onde revela a maestria de uso da luz para tornar expressiva a importância do anjo salvador. Na mesma cena apresenta ao centro o anjo "iluminado", nos dois sentidos, despertando São Pedro e à direita da mesma obra o "iluminado" anjo libertando-o. O trabalho apresenta no contraste o fundo sombrio dos soldados e prisão.
 
Michelangelo se distinguiu da estética renascentista abandonando a crença de que a Beleza é produzida por uma relação matemática de proporções entre as partes do todo, e confiava antes nos sentidos. Dizia que é mais necessário ter um compasso no olho do que nas mãos, pois as mãos produzem a obra, mas quem a julga é o olho. Não se sentia obrigado a seguir leis estéticas apriorísticas dizendo que o artista não devia ser guiado senão pela ideia que concebera, e considerava possível definir outras proporções igualmente aceitáveis e belas. Sua insistência na sua própria autonomia criativa e na expressão de sua visão pessoal o tornou o primeiro artista do ocidente a ter príncipes e papas a seus pés, decretando por si mesmo como a obra deveria ser realizada, ao contrário da prática anterior à sua geração, quando o artista era um simples artesão obediente à vontade de seus patronos.

Caravaggio, nascido na Itália (1572-1610) "foi uma das personalidades mais fascinantes da história por ter encarnado o ideal do artista em conflito com as convenções sociais". O uso da luz e sombra, definido como o uso dramático do claro-escuro proporcionaram um novo vocabulário histórico.
Esta nova técnica permite a ilusão de maior dramaticidade da cena, uma vez que a representatividade ganhava expressão própria. A luz passou a ser elemento gerador de sensações no receptor. A fonte inspiradora para o uso da luz foi a observação que Caravaggio pintava geralmente com iluminação de lamparinas ou muitas velas, dando-lhes elementos comparativos dos resultados iluminados com forte fonte de luz.


Vermeer, holandês que viveu de 1632 à 1675, aparece como ponto importantíssimo nesta relação das artes plásticas com a iluminação para televisão. Seus quadros são trabalhados com as técnicas assimiladas anteriormente, porém introduz o conceito da sombra e os reflexos da iluminação como representação do ambiente real. Supõe-se que Vermeer utilizou-se da câmera escura como base para representar as cenas. A câmara escura foi inicialmente utilizada em um quarto totalmente escuro com um pequeno furo na parede. Por este furo os raios luminosos projetavam na parede interna do quarto a paisagem "enquadrada". O princípio de uma câmera fotográfica não tinha filmes, mas projetava a cena enquadrada em uma tela que servia de referência ao pintor.


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo
http://www.willians.pro.br/luzartis.htm
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/iluminismoseculo-xviii-textos

11 de maio de 2010

13 de maio – Uma revolução social no Brasil

Refletir sobre a realidade social brasileira a partir do dia 13 de maio pressupõe uma visão mais crítica acerca da lei que libertava os escravos, implantada no Brasil em 1888. Por que a data 13 de maio deixou de ser comemorada e pouco analisada no calendário nacional e escolar?
Em todos os países da América que viveram sob um regime escravista, a data da abolição é comemorada. Ao contrário do Brasil, que faz questão de esquecer o 13 de maio. Podemos atribuir esta amnésia social do Brasil a vários fatores: a omissão de uma sociedade que sempre fechou os olhos para os grupos que não se adequavam ao modelo europeu imposto pelos colonizadores; esta mesma sociedade que se sente culpada pelo regime escravista, por defender a criminalidade deste processo; o 13 de maio deixou de ser o referencial de lutas do povo brasileiro.

Por outro lado o Estado brasileiro tem uma dívida social muito grande com a população negra deste país. O que contribui para o esquecimento de um regime criminoso escravista.

Considerar o escravismo um crime contra a humanidade, denota falta de caráter e ética de qualquer sociedade que adota e que aceita esta prática cruel e desumana.

Para que fique claro o fato de ser uma data que hoje nos remete à 1888, gostaríamos de fazer uma reflexão sobre a realidade da população negra daquela época e associá-la ao mundo contemporâneo, onde sentimos a necessidade de que a escola e a sociedade a considere como símbolo da nossa história.

No dia 13 de maio de 1888, ao assinar a Lei Áurea, a Princesa Izabel não estava dando a liberdade aos negros escravos como ato de redentorista e de bravura. Ela simplesmente assinou a confirmação de que este regime foi um erro para a sociedade brasileira e que o Estado Brasileiro se redimiu perante o crime cometido contra uma população que se tornava consideravelmente grande. Neste período, o dobro da população negra existente no Brasil já tinha conseguido a liberdade através das cartas de alforrias, das leis anteriores à Lei Áurea, através também das lutas dos quilombos.

Portanto, o país já passava por uma situação insustentável, principalmente por que existia uma pressão estrangeira para eliminar o regime de escravidão em toda a América.

A abolição do escravismo já estava sendo discutida durante todo o processo em que foi implantada no Brasil. Neste contexto surgiram negros ilustres discutiam a questão do escravismo, aliado ao favorecimento que a Guerra do Paraguai deixou como resultado. O exército brasileiro formado em sua maioria por negros lutou para defender as divisas do país.

Com isso, o próprio exército passou a negar seu envolvimento na captura de negros fugidos.

Com medo de uma revolução social, uma revolta da população negra, a Assembléia Nacional votou decidindo o fim do escravismo e em 13 de maio a lei foi assinada.

Porém, a lei deveria ter sido votada com amplo apoio do Estado, com indenizações e reintegração dos negros libertos à sociedade brasileira. O que não ocorreu, transformando uma grande massa de negros libertos em uma massa de excluídos do contexto social, econômico e político brasileiro. Para não manchar a história brasileira, o enredo foi deturpado, considerando até que o regime escravista brasileiro foi brando e que os escravos eram bem tratados pelos senhores.

A Lei foi incompleta, negando uma população de direitos: sem direito a terra, a moradia, ao trabalho, e a nossa sociedade ainda padece sob estas desigualdades.

Contudo não podemos deixar de considerar que o 13 de maio foi um marco que confirmou a revolução da população negra brasileira organizada e sedenta de direitos. O dia em que o Estado Brasileiro considerou a escravidão um crime e abriu precedentes para que a sociedade pudesse julgá-la.

(Professora Jussara Araújo – professora de História da EREM de Itaparica)

7 de maio de 2010

A aldeia vai à escola nos 510 anos de colonização brasileira

Como nos últimos anos os estudos históricos têm passado por uma ampla renovação, o lugar do povos indígenas na História também está sendo revisto. O "descobrimento" passou a ser discutido como resultado do processo de expansionismo europeu no século XVI, através da colonização, onde muitos diferentes povos  e culturas das consideradas "terras descobertas" se confrontaram com os violentos processos das invasões dos seus territórios e da imposição cultural do seu colonizador (Silva, 2002,p.45-46). O papel da escola neste contexto é buscar superar os equívocos apresentados sobre os povos indígenas na história oficial , atualizando os conhecimentos sobre os mesmos para compreendê-los como sujeitos participantes da história. Para tanto se torna necessário discutir o sentido dos 510 anos de História do Brasil do ponto de vista oficial sobre o processo de colonização e do ponto de vista indígena de resistência à colonização, as reivindicações para o reconhecimento e garantia de seus direitos violados, perpassando por uma análise sociológica da questão, reconhecendo assim uma pluralidade étnica e cultural do Brasil atual.
O Projeto A aldeia vai à escola nos 510 anos de colonização brasileira vivenciado pelas turmas do 1º Ano da EREM de Itaparica teve como objetivos: situar o indígena como sujeito participante do processo de colonizaçao brasileira, desmitificando a idéia de descobrimento do Brasil; analisar a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manoel e reescrevê-la sob a ótica dos povos indígenas que aqui se encontravam; conhecer os povos indígenas de Pernanbuco, identificado os povos localizados no sertão. Por fim, apresentar aspectos da cultura, tradição e religiosidade dos povos Pankararu e Pankaiwka, povos indígenas do município de Jatobá. Diante das reações às invasões de suas terras e estando sujeitos às diversas formas de violência, os povos indígenas também enfrentaram guerras, doenças transmitidas pelos colonizadores, escravidão, preconceitos e, principalmente, a violência cultural, o que os historiadores denominaram de invisibilidade de uma população. O Brasil de 1500 abrigava aproximadamente seis milhões de indígenas, distribuídos em mais de 900 povos com culturas diversas e diferentes modos de vida. Nas últimas décadas ocorreu o ressurgimento de vários povos indígenas. O que caracteriza uma mobilização para afirmar uma identidade étnica, apesar de todos os fatores que conduziam a uma negação dessa identidade.


No período de 19 a 23 de maio de 2010, a escola vivenciou uma semana dedicada às discussões, debates e análises de textos sobre a temática índios e colonização no Brasil. A partir da abordagem da história oficial, contextualizando com a história indígena,os alunos puderam ter uma visão mais crítica sobre a diversidade de povos indígenas que foram encontrados no início da colonização e o conhecimento dos  povos indígenas que hoje lutam pela garantia de seus direitos e pelo direito à terra.
A população indígena em Pernambuco é formada pelos Fulni-ô (Águas Belas), Xukuru do Ororubá (Pesqueira e Poção), Kapinawá (Ibimirim, Tupanatinga, Buíque), Kambiwá (Ibimirim), Pipipã (Floresta), Pankará (Carnaubeira da Penha), Atikum (Carnaubeira da Penha e Floresta), Truká (Cabrobó), Tuxá (Inajá), Pankararu (Tacaratu, Petrolândia e Jatobá), e os Pankaiwká (Jatobá). Estando esse último povo reivindicando o reconhecimento oficial.
Durante a exposição e apresentação de pesquisa sobrem o povos indígenas de Pernambuco, o povo Pankararu se fez presente para contar sua história de luta, resistência e garantia de seus direitos. O povo Pankararu ocupa uma área denominada de Brejo dos Padres, no Sertão pernambucano, próximo à Usina Luiz Gonzaga, às margens do rio São Francisco, com limites constituídos entre os municípios de Tacaratu, Petrolândia e Jatobá. O grupo Pankararu foi um dos primeiros a serem reconhecidos oficialmente no Nordeste.
O povo Pankaiwka se formou a partir da organização de pessoas provenientes da aldeia Pankararu - PE e Geripancó - Al, fugindo das péssimas condições de vida e atraídos pelas terras banhadas pelo São Francisco, com a possibilidade de vida digna para suas famílias. As terras ocupadas estão localizadas às margens do rio Moxotó, no Distrito de Volta do Moxotó no município de Jatobá - PE.
A EREM de Itaparica se caracteriza por ser uma escola que prima pela diversidade cultural. Como no município habitam dois povos indígenas: Pankararu e Pankaiwka (este em processo de oficialização), a escola recebe alunos destas etnias, que convivem com o preconceito, principalmente pelo desconhecimeno histórico dos povos indígenas. Por isso, o projeto despertou um respeito pela questão indígena, especificamente um respeito pelos alunos indígenas. 
Foi assim, confiamo-nos todos nos homens brancos, toda nossa riqueza. Lhes mostramos tudo e diziam que iam nos ajudar, diziam que nossa vida iria melhorar, que estavam falando a verdade, que eram nossos amigos. Mas estávamos enganados, os homens brancos só queriam tomar nossas riquezas nossas terras e nos escravizar. Antes dos homens brancos chegarem em nossas terras andávamos satisfeitos. Com a chegada dos brancos não houve mais limite, nossas riquezas foram retiradas  (Trecho do texto dos alunos Jeferson Silva, Jônatas Wesclin, Alan e Ângelo do 1º C)
Tentaram nos conquistar, nos atrair através do que tinham e do que haviam trazido, tudo parecia ser interessante, aos poucos fomos cedendo. No entanto, não queriam apenas nos visitar ou nos conhecer, possuíam objetivos maiores, que no fim das contas acabaram nos prejudicando. O que tinham em mente era a exploração de tudo aquilo que aos nossos olhos eram riquezas naturais. Fomos ingênuos. Tudo o que era nosso foi tirado por invasores que nos diziam ser amigos. (Trecho do texto dos alunos Jayane, Júlio, Márcia e Vitória do 1º A)
Sou índia de uma aldeia
que muito tem a contar
seu valor inestimável
nem todo dinheiro do mundo
conseguirira comprar

Minha aldeia tem cultura
menino do rancho e tem os praiá
vai Francisca varrer o terreiro
moer a cana, fazer garapa
que o toré vai começar

A minha aldeia é produtiva
macaxeira, milho, feijão
goiaba, acerola e cana
e sem esquecer das bananeiras,
é fartura de montão

Tem também o artesanato
brinco, pulseira, roupão
fabricado com os frutos da terra
conhecimento riquíssimo
passado de geração em geração

Foi através de várias lutas
que conseguimos alcançar
reconhecimento da nossa aldeia
que cada dia cresce mais linda
com os frutos a brotar

Com tanta riqueza assim
fica fácil de falar
tenho orgulho de minha aldeia
terra de povo guerreiro
SOU ÍNDIA PANKAIWKA

(Daiane Souza de Araújo, 4º Normal Médio)

25 de abril de 2010

Body Art - GINA PANE


Gina Pane (Biarritz, 1939 — Paris, 1990) foi uma artista italiana.
Estudou na Escola de Belas-Artes de Paris entre 1961 e 1966. Realizou a sua primeira exposição individual em 1966.
Artista ligada ao fenômeno da Performance Art, Gina Pane tornou-se, durante a década de 1970, um dos expoentes máximos da Body Art, para o que contribuiu o caráter fortemente mediático das suas apresentações. Tal como outros artistas desta tendência (como o francês Michel Journiac ou o suiço Urs Lüthi), Gina Pane utilizava sempre o corpo como material e suporte para a criação artística

Os seus atos, bastante extremados no sentido da auto-mutilação e do sofrimento, pretendiam acentuar o problema da violência da vida contemporânea na sua relação com a vulnerabilidade e com a própria passividade com que o indivíduo enfrenta estes temas. As suas encenações, de sentido masoquista, assentavam na impassividade com que a artista produzia os cortes e na capacidade de conter e teatralizar o próprio sofrimento e de esteticizar o disforme e a mutilação.
Na obra de Gina Pane o corpo ocupa todos os lugares. O corpo não é a sua arte, é a sua linguagem.


Gina Pane escolheu a denominação "acção" para os seus trabalhos, por considerar que o termo performance era demasiado demonstrativo e implicava uma certa teatralização. A sua obra toca correntes artísticas que se desenvolveram nas décadas de 60 e 70, nomeadamente a arte conceptual e a body art. Nestas décadas o corpo torna-se o centro de todos os debates, é investido ideologicamente, reclamado pelos movimentos feministas, objectificado pela arte.
Aproximando-se das orientações estéticas de outras artistas femininas, a obra de Gina Pane pretende abordar a relação entre os sexos, os tabus e os estereótipos e o problema da dominação masculina.



No início da década de 80, acreditando esgotadas as potencialidades comunicativas das ações corporais e concluídas as marcas que queria deixar impressas no corpo, a artista abandonou as performances públicas e dedica-se à produção de objetos escultóricos e de desenhos, de caráter minimalista, para os quais utiliza o metal, o vidro e a madeira.

Para Gina Pane a fotografia é um objeto sociológico. No seu trabalho, essencialmente de caráter perfomativo, utiliza a imagem fotográfica como suporte formal, que fará perdurar a ação realizada. As ações, raramente repetidas, eram registadas fotograficamente e ocasionalmente filmadas, sendo este registro rigorosamente controlado pela artista. As fotografias conferem realidade à ação passada, guiam o observador pela performance, condensam o discurso. Mesmo não sendo primordial na obra da artista, a fotografia não é de modo algum negligenciada, formando um "pós" no processo artístico, em que cada ação era estudada em story boards, realizada e registrada. Um processo completo, cujo núcleo eram as longas ações, que raramente duravam menos de 50 minutos.




Seu objetivo era provocar, através de seus atos, um profundo estado de desconforto na pessoa que está olhando, o espectador. Para isso ela introduzia em ações aparentemente familiares, um elemento de terror.

É este o carácter primitivo das performances de Gina Pane, dionisíaco, na medida em que parte dessas emoções em bruto e apela ao que há de primordial, e dai verdadeiro, no ser humano. Apela a essa linguagem comum, cujo meio não pode ser outro se não o corpo.




Para as turmas do 1º Ano, o questionamento está lançado e deverá ser entregue no dia 04 de maio.

1) Um dos maiores expoentes da arte da corporalidade (body art), qual a preocupação de Gina Pane em se fazer representar ou apresentar com sua arte?
2) Para atingir o objetivo de causar desconforto ao espectador, de que se utilizava a artista italiana?

EREM de Itaparica na Pré-história



EREM de Itaparica na Pré-história

É muito comum o trabalho de grafitagem nos muros e paredes de nossas cidades. Por que as pessoas grafitam? O que elas deixam registrado?
Todos conhecem a arte da grafitagem como uma arte contemporânea, que tem suas representações nos grandes centros urbanos. O que não sabem é que esta arte é tão primitiva quanto nosso ancestrais. Esta arte existe desde a Pré-história.
Os povos antigos, antes de conhecerem a escrita, já produziam obras de arte. Os homens pré-históricos faziam figuras em suas paredes, representando os animais  e pessoas da época, com cenas de caças e ritos religiosos. Faziam também esculturas em madeira, ossos e pedras.
As principais manifestações da pintura pré-histórica são encontradas no interior das cavernas, em paredes de pedra e a princípio retratavam cenas envolvendo principalmente animais, homens e mulheres e caçadas, existindo ainda a pintura de símbolos, com significado ainda desconhecido. No período neolítico a pintura é utilizada como elemento decorativo e retratando as cenas do cotidiano.
A pintura rupestre é um tipo de arte feita pelos homens pré-históricos, nas paredes das cavernas (não é grafitagem?). Como os homens pré-históricos não tinham um sistema de escrita desenvolvido utilizavam desenhos como forma de comunicação. As paredes das cavernas serviam como uma espécie de agenda, onde eram desenhadas algumas idéias e mensagens. E tudo isso era feito utilizando os elementos da natureza: extrato retirado de plantas, árvores e frutos, sangue de animais, carvão, rochas etc.
Os alunos do 1º Ano da EREM de Itaparica, experimentaram a sensação de preparar suas próprias tintas utilizando terra seca e peneirada, água e cola branca. Incorporando o espírito dos homens da pré-história, retraram cenas do seu cotidiano. O mural da escola se tornou um cenário da pré-história. Parabéns turmas. O resultado foi excelente.